
Wellington Alexandre
“Um lápis, uma borracha e um sonho”. A frase da aluna Maria Eduarda Santos Whitehead, uma das vencedoras do Concurso Arte na Capa 2025, ecoou por toda a cerimônia de premiação, realizada quinta-feira (30) no Teatro Guarany (Centro Histórico). Simples, mas poderosa, ela resume o espírito de idealização e criatividade que move cada estudante participante do projeto, e transformou a cerimônia em uma celebração de talento, sensibilidade e orgulho da rede municipal de ensino.
Com a participação de alunos de 35 unidades escolares, o concurso recebeu 963 trabalhos nas categorias do ensino fundamental I e II e da educação de jovens e adultos (EJA). Os seis vencedores terão seus desenhos estampando as capas dos cadernos do material escolar da rede municipal em 2026.
Além disso, também serão expostos na Pinacoteca Benedito Calixto, em 2026, durante as comemorações dos 480 anos de Santos.

“A escolha é sempre um desafio, porque são trabalhos lindos e de muita qualidade. Por isso, todos os finalistas são verdadeiros vencedores”, destacou o coordenador e organizador do concurso, Jadir Battaglia.
INCENTIVO
O tema deste ano, “Arte e Narrativa: Ilustrando Nossas Histórias”, incentivou os alunos a explorarem temas da cultura e da memória santista a partir de programas da Educa Santos TV.
As categorias abordaram desde “Baú de Santos – Histórias Infantis” (para alunos dos primeiros anos) até temas como “Memórias Santistas”, “Saberes do Mar” e “Cultura Caiçara”, passando por reflexões sobre turismo, verticalização e ocupação dos morros.
EMOÇÃO
Entre os premiados, Maria Eduarda Santos Whitehead (UME Avelino da Paz Vieira) emocionou o público ao contar sua trajetória. “Eu só tinha o lápis, a borracha e um sonho. Não esperava vencer, foi a primeira vez que participei. Estou muito feliz, valeu a pena cada traço”.

Na EJA, o aluno Adrian Sousa Silva (UME Therezinha de Jesus Siqueira Pimentel) destacou-se com um desenho sobre a canoa caiçara. “Me inspirei na canoa porque vi um vídeo sobre como ela era importante antigamente para os pescadores. É a segunda vez que participo, e cada vez aprendo mais.”

A professora Fátima Gonçalves Tanaka, da mesma unidade, ressaltou o valor do incentivo na EJA. “Trabalhar com o pessoal da EJA é um desafio, porque eles são muito críticos com eles mesmos. Mas acreditamos muito nesses alunos, porque têm um potencial enorme. Uma sementinha como o Adrian já é o que mais importa pra gente.”
Entre os mais jovens, Theo Silva Rodrigues, do 3º ano da UME João Papa Sobrinho, resumiu a alegria. “Foi legal. Não tem outra sensação igual a essa”, disse o aluno que verá seu desenho nas capas dos cadernos de 2026.

Já Alycia Horácio Brasil, do 6º ano da UME José Carlos de Azevedo Júnior, experimentou novas técnicas e surpreendeu os jurados. “Quis fazer algo diferente, usei papelão pra aproveitar a textura. Foi uma experiência incrível, aprendi muito”.

Seu professor, Milton Nisti, elogiou a criatividade dela. “Ela ousou e descobriu uma técnica nova. Isso é arte viva — quando o aluno transforma o material e o olhar”.
Na categoria dos 8º e 9º anos, Cassiano da Macena Silva, da UME Mário de Almeida Alcântara, comemorou. “Foi uma experiência muito boa, sempre é. A gente aprende muito participando”.

Monique Aquino Farias, do 5º ano da UME Lourdes Ortiz, destacou o apoio dos professores. “Gosto de usar cores fortes, que dão destaque. Os professores me incentivaram a tentar técnicas novas, e deu certo”.

HOMENAGENS
A cerimônia contou com a presença da vice-prefeita e secretária de Educação, Audrey Kleys, do vereador Adilson Júnior e da presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Fernanda de Oliveira, entre outras autoridades.
O condutor do bonde Ricardo Souza Dias foi homenageado por inspirar os estudantes com sua trajetória. Funcionário mais antigo da CET-Santos, com 30 anos de serviço, ele se emocionou ao participar da entrega dos prêmios.

“Represento o espírito de compromisso, carinho e pertencimento que fazem da CET-Santos uma empresa feita por pessoas que amam a cidade e trabalham, todos os dias, para que ela continue em movimento”, disse Ricardo.
TRANSFORMAÇÃO
Audrey Kleys reforçou o papel da educação pública como base transformadora. “A frase da aluna, ‘um lápis, uma borracha e um sonho’, representa a força de cada estudante da nossa rede. Às vezes dá vontade de desistir, mas vocês persistiram, acreditaram e venceram. Todos aqui são vencedores pelo simples ato de acreditar na educação”.
Fernanda de Oliveira elogiou o projeto. “Estou muito emocionada. Sinto como se fossem meus filhos aqui. É um incentivo enorme à arte, à educação e à esperança. Parabéns aos alunos, professores e pais que acreditam nesse caminho”.
Esta iniciativa contempla o item 4 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU: Educação de Qualidade. Conheça os outros artigos dos ODS.
Fotos: Carlos Nogueira