Começa a remodelação para melhorar principal acesso de caminhões ao Porto de Santos

Começou nesta sexta-feira (28) a remodelação da principal entrada do Porto de Santos, na Alemoa Industrial, por onde passam todas as cargas rodoviárias movimentadas no complexo. Realizada pela Prefeitura de Santos, a obra vai garantir maior segurança ao tráfego e conforto para os motoristas, especialmente para os 14 mil caminhões que trafegam diariamente em direção aos terminais portuários e  área industrial do Município. O investimento no projeto é de R$ 13,98 milhões, do Governo do Estado (R$ 10,6 milhões) e contrapartida municipal (R$ 3,3 milhões). 

O projeto prevê a reforma completa da Rua Augusto Scaraboto, do entorno do Viaduto Paulo Bonavides (Viaduto da Alemoa) até a curva que direciona o trânsito para a Avenida Engenheiro Augusto Barata (Retão da Alemoa). Por enquanto, não haverá interrupção do tráfego durante a execução dos serviços.

A obra é resultado da articulação junto ao Governo do Estado. A negociação começou há um ano e meio, quando o prefeito Rogério Santos levou dirigentes do Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários Autônomos de Bens da Baixada Santista e Vale do Ribeira (Sindicam-Santos) e da Associação das Empresas do Distrito Industrial e Portuário da Alemoa (AMA) para reunião com o governador Tarcísio de Freitas, que garantiu recursos para o projeto.  Após negociações, em maio do ano passado, o grupo discutiu e aprovou o projeto apresentado pela Secretaria Municipal de Assuntos Portuários e Emprego (Seporte),que foi contratado pela Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Seinfra).

Em vistoria ao início das obras, sexta-feira (28), o prefeito Rogério Santos comentou que a obra é uma conquista dos segmentos envolvidos, mas, sobretudo, representa a modernização logística dos acessos aos terminais portuários, possibilitando ganhos operacionais que resultam na expansão das movimentações de carga, geração de mais empregos e atração de investimentos para a Cidade. “O Brasil precisa de obras como essa, que vão gerar emprego, melhorar a qualidade de vida para os trabalhadores e 26 empresas desse distrito industrial. A gente está trabalhando pelo porto-indústria, geração de emprego e a melhoria da vida para todos, o que vai refletir também na balança comercial brasileira”.

Para o secretário de Assuntos Portuários e Emprego, Bruno Orlandi, a remodelação da Augusto Scaraboto é fundamental para qualificar o acesso ao Porto, eliminando obstáculos e possibilitando que as cargas cheguem mais rapidamente aos terminais. “Graças a essa obra, juntamente às que se encontram em planejamento pelos governos municipal, estadual e federal, será possível diminuir o custo logístico e garantir mais eficiência e competitividade para as operações portuárias, o que certamente resultará na criação de empregos e novos negócios”.

Com prazo de um ano, a obra terá dez fases, que poderão durar de 30 a 60 dias. Nesse período serão feitos drenagem, pavimentação asfáltica, paisagismo e iluminação em LED. A execução será realizada pela empreiteira TMK, contratada pela Seinfra. O início das obras foi precedido de reuniões para definição e desenvolvimento do plano de ação, entre a empreiteira, Companhia de Engenharia de Tráfego (CET-Santos), Autoridade Portuária de Santos (APS), Guarda Portuária e representantes das empresas da Alemoa e dos caminhoneiros.

“As reuniões estabeleceram um efetivo plano de operação e desvios para minimizar os reflexos no tráfego, levando em conta os períodos das grandes safras, programação dos terminais e demais variáveis da mobilidade urbana da região”, explicou o secretário de Infraestrutura, Fabrício Cardoso.

Não há previsão de interrupções no trânsito da área nas primeiras etapas de execução do projeto. Inicialmente, haverá apenas desvios pontuais e estreitamento de pista. O trecho será devidamente sinalizado e o trânsito monitorado ininterruptamente por agentes da CET-Santos e as câmeras do Centro de Controle Operacional (CCO), da Prefeitura.

Serão quatro agentes presentes, número que poderá ser ampliado mediante o crescimento da complexidade das intervenções. Também haverá apoio da Guarda Portuária, uma vez que a via, apesar de estar sob jurisdição municipal, tem relação direta com a área portuária.

As obras começam com limpeza mecanizada de terreno, escoramento de solo contínuo, escavação manual de solo brejoso em campo aberto e escavação mecanizada e manual de valas; Na margem direita do viaduto, está previsto o assentamento de tubos; 140m de galerias pré-fabricadas de concreto (aduelas), além de reforma de bocas de leão, bocas de lobo simples e duplas, construção de bocas de lobo, recuperação e nivelamento de poços de visita. Ainda na margem direita, será promovido revestimento da vala de drenagem, com execução de colchão reno no leito e concreto projetado nas margens.

Serão demolidos 5.268,50m² de asfalto; 771,50m² de calçadas; 889,50m de sarjetas e 227m de guias. A renovação asfáltica cobrirá 9.784,84 m² e os 3.052,50 m² de trechos com curvas acentuadas e os acessos para os terminais e galpões receberão pavimento rígido de concreto. A via terá 3.260,37m² de superfície regularizada e compactada, com execução de 3.173,80m² de passeio em concreto desempenado mecanicamente, no padrão Calçadas para Todos. Outros 25,50m² serão recobertos com piso em ladrilho hidráulico podotátil.

As intervenções envolvem ainda a instalação de 34 luminárias em LED, com vida útil mínima de 50 mil horas, bem como limpeza e regularização de áreas para ajardinamento, que receberão placas de grama esmeralda. Estão previstas também sinalização viária em alumínio composto, instalação de alambrado em tela de aço galvanizado em partes inferiores do viaduto e de gradil de tela no final do elevado, para proteção e direcionamento dos pedestres.

Representantes destacam os vários impactos positivos

Presidente da AMA, o empresário João Maria Menano destacou que, de imediato, o principal impacto positivo da obra será a melhoria das condições para a realização das atividades. Ele revelou que o ganho será obtido a partir da eliminação dos alagamentos no trecho e solução de problemas, como o ângulo das curvas por onde passam os caminhões. “É uma questão muito importante para resolver, especialmente a drenagem e a pavimentação, porque acontecem alagamentos nessa área e nas ruas internas, que comprometem a agilidade operacional das empresas. E as curvas não são adequadas para os caminhões, mas com o novo concreto vai melhorar o trânsito”.

Menano reforçou que o início das obras é um avanço na relação institucional, uma vez que a área envolve responsabilidades compartilhadas pelas esferas municipal, estadual e federal. “Um ponto importante é que a união das empresas, da associação, dos sindicatos das transportadoras, das associações de terminais retroportuários e caminhoneiros conseguiu unificar o pensamento e envolver a todos por um mesmo objetivo, o que é positivo”.

Na opinião da presidente do Sindicato das Empresas de Transporte Comercial de Carga do Litoral Paulista (Sindisan), Rose Fassina, a remodelação do acesso na Alemoa vai ampliar a capacidade do transporte rodoviário, fazendo com que as mercadorias cheguem mais rapidamente aos terminais e deixem o porto com mais facilidade, reduzindo os custos logísticos. “O transportador está sempre preso em filas, sempre perdendo o agendamento, com problemas no fluxo do tráfego. Com essa infraestrutura melhorada, vai ser possível ampliar a nossa capacidade”.

A empresária celebrou o início das obras que o setor esperava há muitos anos. “Hoje, a gente pode chamar da colocação da pedra fundamental, quando se está iniciando essa obra. (Habitualmente) o empresário é cético, não acredita que as coisas vão acontecer. (Imagina que) é mais uma promessa que não vai ser cumprida, que não vai ter o recurso financeiro, que não vai ter determinada condição para se realizar. Aí, quando a gente começa a ver que a obra começou mesmo, dá uma esperança de que a situação vai melhorar mesmo. Agora vai!”.

A revitalização da Rua Augusto Scaraboto e do entorno do Viaduto da Alemoa é a primeira de um conjunto de quatro grandes obras planejadas pela Prefeitura, Governo do Estado e APS para resolver os gargalos de entrada e de saída de caminhões do Porto. Entre as intervenções, está a reforma da Rua Aurélio Batista Felix, na Alemoa Industrial, que também será totalmente remodelada pela Prefeitura. Está em fase de análise da minuta do edital de licitação.

Outra em preparação será a reestruturação do Retão da Alemoa. De responsabilidade da Autoridade Portuária, a licitação está em fase de análise das propostas apresentadas pelas empreiteiras interessadas.

E, ainda, a Secretaria Estadual de Parceria em Investimentos (SPI) autorizou a Ecovias, concessionária do Sistema Anchieta-Imigrantes, a iniciar os estudos para realização dos projetos básico e executivo de um novo viaduto na Alemoa, com uma alça de acesso para que os caminhões possam ter alternativa de conexão com a Via Anchieta.

Com 168 anos de existência, o bairro Alemoa é um dos poucos de Santos a fazer limite com Cubatão na área insular, além de ser o maior da Cidade, com 2,51 km², destacando-se por sua importância econômica e estratégica. Situado às margens da Via Anchieta e da Avenida Nossa Senhora de Fátima, é um dos principais elos entre o Município e o Porto.

Abriga extensa área industrial que concentra empresas de vários segmentos, desde transportadoras e pátio de contêineres, companhias de armazenagem de granéis líquidos até a Usina de Asfalto da Prodesan. Alemoa surgiu em meados do século 19, quando o empresário alemão Adão Kunem, casado com Maria Margarida Kunem, adquiriu o Sítio da Vargem.

O local passou então a chamar-se Sítio do Alemão. Em 1852, Adão foi assassinado por um de seus escravos, deixando Maria Margarida viúva. Foi quando o local começou a ser conhecido como o sítio da Alemoa ou Alamoa (forma feminina de alemão, porém gramaticalmente errada).

Esta iniciativa contempla os itens 9, 10 e 11 dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU: Indústria, Inovação e Infraestrutura; Redução das Desigualdades, e Cidades e Comunidades Sustentáveis. Conheça os outros artigos dos ODS.

Fotos: Francisco Arrais